Os dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelam uma realidade que não pode mais ser invisibilizada: o Brasil possuía, em 2022, 14,4 milhões de pessoas com deficiência. Isso significa que 7,3% da população com dois anos ou mais convive diariamente com limitações que impactam profundamente suas rotinas e suas oportunidades.
A pesquisa, divulgada nesta sexta-feira (23), traz um retrato abrangente de quem são essas pessoas. São brasileiros que enfrentam grandes dificuldades ou impossibilidades para enxergar, ouvir, se locomover, pegar objetos pequenos, se comunicar, realizar cuidados pessoais, trabalhar e estudar. Uma diversidade de desafios que expõe, ao mesmo tempo, a necessidade urgente de um país mais ível e de políticas públicas efetivas.
O levantamento mostra ainda que, em 16% dos domicílios brasileiros, há pelo menos uma pessoa com deficiência. Esse dado reforça que a pauta da inclusão não diz respeito a uma minoria isolada, mas a uma parte significativa da sociedade, que está presente nas famílias, nas comunidades e nos ambientes de trabalho.
Falar em inclusão, portanto, vai muito além de rampas de o ou de vagas exclusivas em estacionamentos. Trata-se de garantir educação de qualidade, oportunidades no mercado de trabalho, o aos serviços de saúde, inclusão digital e respeito à dignidade dessas pessoas em todos os espaços.
O Censo 2022 cumpre seu papel de evidenciar uma realidade que, muitas vezes, permanece oculta nas estatísticas e, pior, nas decisões políticas. Mas, mais do que um retrato, esses números precisam ser um chamado à ação. A deficiência está na sociedade, não nas pessoas. É a falta de ibilidade, de empatia e de políticas públicas eficazes que cria barreiras onde deveria haver pontes.
O Brasil ainda tem muito a avançar para se tornar, de fato, um país inclusivo. Que esses dados sirvam de alerta — e de compromisso — para governos, empresas e cidadãos. Afinal, inclusão não é favor, é direito.