No vasto mosaico demográfico do Brasil, um grupo especial de cidadãos chama a atenção: os centenários. Num país com uma população que ultraa os 200 milhões, esses indivíduos notáveis representam uma fatia aparentemente modesta, correspondendo a apenas 0,018% do total. No entanto, ao mergulharmos nos dados do Censo de 2010 e compará-los com os números mais recentes de 2022, emerge uma tendência surpreendente – um aumento de 66,7%, com 37.814 pessoas comemorando seus 100 anos ou mais.
Ao desmembrarmos esse contingente notável, nos comparamos com uma interessante disparidade de gênero: 27.244 mulheres e 10.570 homens. Essa nossa diferença leva a reflexões sobre a biologia da longevidade e as possíveis variáveis socioeconômicas que moldam esses padrões. No entanto, além das estatísticas frias, o que esse crescimento significativo dos “superidosos” realmente reflete na nossa sociedade?
O demógrafo Marcio Minamiguchi, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), oferece uma perspectiva valiosa. Em sua análise, ele confirmou que, à primeira vista, esses números podem parecer meras “curiosidades estatísticas”, mas ele nos lembra que a probabilidade de atingir essas idades extremas é, de fato, pequena. A cerne da celebração, segundo Minamiguchi, reside no fato de que mais pessoas estão alcançando os 100 anos. Essa conquista, por extensão, sugere um aumento nas expectativas de vida em idades mais jovens – 95, 90, 85, 80 anos.
A evolução está se tornando uma realidade cada vez mais presente em nosso cotidiano. Esse parecer não apenas desafia as expectativas históricas, mas também levanta questões cruciais sobre como nossa sociedade está se adaptando a essa nova dinâmica demográfica. Como estamos preparados para lidar com uma população envelhecida, e quais são os desafios e oportunidades que essa mudança nos apresenta?
A celebração da longevidade não deve ser apenas uma festa de números, mas sim uma chamada para a reflexão sobre políticas públicas, sistemas de saúde e a preparação de infra-estrutura para atender às necessidades específicas dessa crescente população de idosos.